domingo, 19 de setembro de 2010

A influência da TV nos pontos de ônibus




Era um fim de tarde de sexta-feira no centro de Salvador. As pessoas saiam do trabalho em busca de descanso ou diversão. Alguns tomam uma cervejinha gelada ainda no ponto de ônibus, fazendo daquele momento um prazeroso Happy Hour.

E eu ali, esperando o transporte para ir pra casa e pensar em fazer algo mais tarde com minha tribo.
Um pouco mais atrás de mim, vejo chegarem duas jovens, pareciam serem aquelas secretarias tagarelas que não satisfeitas com o horário de trabalho roubado pra conversar tanta baboseira, continuam demasiadamente conversando incansavelmente no ponto de ônibus. Enquanto elas chegam, um mendigo lhe pedem uma ajuda. Absolutamente ignorado, de forma mal educada e grosseira pelas garotas, ele se retrai, aceitando o que acabara de passar. Eu vou até ele, estendo a mão e lhe dou algumas moedas. Sou agradecido com um sorriso.

As moças continuam chamando atenção, dessa vez com gestos extravagantes, vozes e risadas absurdamente altas. Passei a prestar atenção no conteúdo da conversa delas. O assunto permeava sobre a historia de um rapaz de família rica e que se envolveu com drogas. Ele tinha o apoio da família e dinheiro para tentar resolver seu problema, apoio que nem todos tem e talvez fosse esse o problema do rapaz ali atrás que se tornou um mendigo. Mas o rapaz o qual elas falavam, só queria badalação.
Segue um trecho da conversa das pobres garotas:
Uma delas diz:

-       Ele é lindo e rico, vai sair dessa.
-       Eu torço pelo sucesso dele. Disse a amiga
-       Já pensou encontrarmos com ele numa festa?

- Ouve-se gargalhadas e ambas continuam a falar sobre o assunto, enquanto chamam atenção do ponto de ônibus lotado.

-       Eu morro de pena dele amiga, tem uma família que não lhe da atenção direito e foi por isso que ele entrou nessa das drogas e se tornou um viciado.
-       Concordo com você amiga, ele está certo de ir nas festas e detonar o cartão de crédito do pai.
-       Eu queria que ele gastasse comigo!
-       Afirma enfaticamente em voz alta, praticamente gritando, umas das tagarelas, que imediatamente tem o apoio da amiga e riem muito alto daquela imbecil conversa.

Enquanto espero o transporte, pego uma cerveja e acendo um cigarro. Com isso consigo me desligar daquelas pobres moças. Os seus gritos e gestos já não me incomodam mais. Fico conversando com o casal agradável do isopor que me rendeu uma prosa aprazível e algumas latinhas vazias.
Em fim, uma delas pega o ônibus, e da janela grita, me irritando novamente e chamando a atenção de todos que esperavam ali naquele inicio de noite para irem pra casa.

-       Amiga! Não esquece de assistir a novela e me liga nas partes interessantes.
-       Certo. Hoje ele vai brigar na boate e bater o carro, mas fica tudo bem com ele. Eu li na revista hoje no escritório.

Enquanto isso o mendigo continuava pedindo a algumas pessoas que o atendiam e outras o ignoravam assim como fizeram aquelas pobres moças, que delas sim,  eu tenho pena.
Chega meu ônibus, e agora vou curtir o meu final de semana. Se não encontrar com esse tipo de imbecis, sem realidade, em alguma para

2 comentários:

  1. Fiquei feliz com a postagem do texto, apesar do hiato sem postagens... Lembram do nosso combinado, que mesmo depois de terminar nossa disciplina continuaríamos a postar nossos textos? Pois está valendo...
    Lucas, parabéns pelas reflexões e pelo belíssimo texto... futuro promissor...saudações

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  2. Valeu mestre! Talvez se você definisse temas, assim como nas aulas, o pessoal poderia voltar a escrever. Breve postarei algo mais. Abraço.

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