Reflexão sobre o documentário - Janela da Alma

A forma híbrida do deficiente visual artista


Ao assistir ao documentário JANELA DA ALMA, com direção de João Jardim, passo a relevar uma peculiaridade presente em todos os casos mostrados nas entrevistas. O incômodo por ser um deficiente visual, juntamente com a falta de acomodação dos entrevistados e o desejo de não ficar ociosos, gerou um impulso, digamos assim, para que fossem buscadas outras formas de prazeres na vida como, por exemplo, o sucesso artístico, suprindo assim a falta de não poder enxergar.
A guisa parece que é errada, mas deixando de lado o inevitável momento em que ambos tiveram o desprazer em não poder enxergar, ou de ver apenas limitadamente, naquele momento, eu acho que se deu uma oportunidade em longo prazo. Falo no sentido de se tornarem incríveis artistas, deixando assim ócio incomodante que deveria estar presente ou que poderia ser precursor da vida daquelas pessoas. Mas aconteceu o contrário.
Analisando as formas artísticas, como os trabalhos feitos pelo fotógrafo deficiente visual Evgen Bavcar, a criatividade da música de Hermeto Pascoal, a capacidade de mentalização visual de Arnaldo Godoy, o que eles e os demais comentam durante o documentário, frases fortes as quais geram significado ao sentido do ver e do olhar, superficial e interpretativo, profundo perspectivamente. Fazem com que o sentimento sentido por mim após assistir o documentário seja etéreo.
Mesmo que abordadas todas as dificuldades no não enxergar, o documentário se torna diletante, e isso é prazeroso de ser assistido. Visto que as experiências de vida os transformam em cidadãos e artistas insólitos, são extraordinários e únicos naquilo que fazem, justamente pra eles, guerreiros não acomodados. O problema visual já faz parte do passado.